Navegar é preciso… mas é permitido?

A Lagoa Central vivenciou no mês passado um “festival” de esportes náuticos – veleiros, botes e caiaques deslizavam sobre as águas agitadas. Mas a prática é liberada? Vamos te contar

Até então, a Lagoa Central era exclusiva para o treino dos atletas olímpicos da canoagem e para os poucos pescadores em seus barquinhos de madeira. Mas, no feriadão prolongado de Corpus Christi, no início do mês passado, Lagoa Santa vivenciou um festival de esportes náuticos.

Era quase fim de tarde quando três barcos a vela cruzavam as águas azuis da Lagoa Central naquele domingo, em 3 de junho deste ano. O vento empurrava os navegadores para mais longe da margem da lagoa e o deslizar era contínuo. Bem perto deles, remadores enfrentavam as pequenas ondulações das águas agitadas em botes e caiaques. Era possível apreciar naquele dia mágico, ou santo, corajosos e esportistas praticando windsurf ou stand-Up Paddle enquanto, esses ou essas, se equilibravam sobre as pranchas gigantes.

Foi algo surreal para quem caminhava pela orla. Famílias inteiras sentadas no gramado, enquanto desfrutavam o prazer daquele dia em um piquenique ou, simplesmente, apreciando o que há de mais belo na cidade – a Lagoa Central – foram surpreendidos com a cena memorável. A sensação era de estar vivenciando um fim de tarde na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, ao som de João Gilberto cantando O Barquinho enquanto o sol coloria de laranja a paisagem:

“Dia de luz, festa de Sol
E um barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão e o amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção, nossa canção
Vai saindo desse mar, e o Sol
Beija o barco e luz, dias tão azuis”

Bem, voltamos imediante à realidade, sem mar, sem verão e sem brisa ao escutar, de sobressalto, a confusão sonora, de um estridente funk e um arrepiante sertanejo – juntos, misturados e infernais – que disputavam a liderança de quem faria mais barulho dentro de dois carros de som que circundavam a orla.

Mas pode navegar?

Aí vem aquela pergunta: é permitido praticar esportes náuticos na Lagoa Central? Conversei com a prefeitura de Lagoa Santa e a resposta é sim! Ufa! Conforme o Decreto Municipal nº 3.287/2017 em seu Art. 4°, fica suspensa a prática de camping, fogueiras, banhos ou qualquer atividade de contato primário com a água da lagoa.

Parágrafo 1º – Considera-se contato primário, aquele direito e prolongado com a água, tais como natação, mergulho e esqui aquático, na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada.

Parágrafo 2º – Considera-se contato secundário aquele associado à atividade em que o contato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca, na navegação e na prática de iatismo.

Resumindo: botes, caiaques, iates, barcos a vela, windsurf, stand-up paddle, veleiros são permitidos. Mas, para aquela turma que adora tomar banho na lagoa, no calorão de verão, fique sabendo que a prática é desaconselhável por conta do alto risco de contaminação.
Já deu praia.

Na torcida 

Gente, temos torcer para os atletas olímpicos da canoagem que treinavam assiduamente o árduo exercício de remar contra a maré aqui na Lagoa Central. Disciplinados, esses heróis-canoístas são esperança de medalhas para o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio.

Na próxima coluna vou falar justamente da famosa praia na Lagoa Central e dos trampolins dos moradores locais. Tempos áureos, vividos entre 1969 e 1988, quando a cidade atraía muitos turistas de BH e região e a lagoa ficava lotada, com cara de Guarapari ou Cabo Frio. Vão curtir, não percam!

Carlos Altman, Coordenador de Conteúdos On-line e Subeditor de Suplementos do Jornal Estado de Minas